Lula elogia Barack Obama, mas afirma "não conhecer bem" o candidato democrata

lulaobama.jpgLula compara eleição de Obama a "vitória da esquerda" e defende mudança

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou nesta sexta-feira a eleição do democrata Barack Obama candidato à Presidência dos Estados Unidos à sua vitória e a de outros líderes de esquerda da América do Sul.

Para Lula, a eleição de Obama irá "colocar fim" ao embargo econômico de Cuba. 

 

 

"Da mesma maneira que o Brasil elegeu um metalúrgico, a Bolívia um indígena (Evo Morales), a Venezuela (Hugo) Chávez e o Paraguai um ex-bispo (Fernando Lugo), acho que será uma coisa extraordinária se na maior economia do mundo um negro for eleito presidente", afirmou Lula em Havana.

O presidente disse ao líder de Cuba, general Raúl Castro, que "no mundo todo existe uma pontada de alegria" nas mentes das pessoas que pensam em "como seria bom se um negro fosse eleito presidente dos Estados Unidos".

"Passamos por um momento extraordinário na América do Sul. Em mais de 500 anos, com mais de 200 anos de independência para muitos países latino-americanos [...], não tivemos um único momento em que os setores de esquerda [...] chegassem ao poder em tantos países da América Latina", afirmou.

"Tomara que isso também ocorra na maior economia do mundo", disse Lula, apesar de ter ressaltado que não conhece "bem" nem Obama nem o candidato republicano, John McCain. Além disso, Lula afirmou estar "convencido" de que o fim do embargo comercial e financeiro que os EUA sustentam contra Cuba desde 1962 "está muito próximo".

Na última propaganda eleitoral na TV, nesta semana, Obama "copiou" o discurso de Lula em 2002 ao dizer que "a esperança irá vencer o medo". "Sou americano. E opto por lutar. Não desistam da esperança. Sejam fortes. Tenham coragem. E lutem", afirmou.

Embargo

"Eu espero que, depois das eleições nos EUA, qualquer que seja o presidente eleito tome a decisão de pôr fim a esse bloqueio inexplicável e inaceitável", disse o presidente. Para o presidente brasileiro, "a única explicação" para que o bloqueio continue é "a falta de sensibilidade", "a insensatez", ou "quem sabe, apenas interesses políticos eleitorais".

"Não existe outra explicação, a não ser o ressentimento de um país grande que perdeu para um país pequeno", disse o presidente. Lula afirmou que, "em várias ocasiões", conversou com autoridades americanas e questionou o motivo do embargo, mas que não recebeu "qualquer explicação que possa ser explicável".

O presidente disse estar "alegre" com o fato de ter visitado o país na mesma semana que a ONU apoiou, por quase unanimidade, uma resolução para por fim o bloqueio. "Sem dúvida, isto não vai mudar nada, porque já estamos acostumados a ver que as decisões da ONU são cumpridas apenas quando interessa aos grandes e não quando interessa aos pequenos", disse o Lula.

A resolução cubana, apresentada este ano pela 17ª vez consecutiva na Assembléia Geral da ONU, recebeu 185 votos a favor, três contra, duas abstenções e outras duas ausências. Lula fez as declarações após assistir, junto com Raúl Castro, à assinatura de um contrato pelo qual a Petrobras adquiriu os direitos para explorar nas águas profundas de Cuba no golfo do México.

FDSP